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IV, 7, 2024
Editorial
Publié en ligne le 10 juillet 2024
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Face a uma sociedade “em crise” (quer dizer, em busca de si mesma), perplexidade e, porém, ao mesmo tempo, engajamento : ao nosso ver, esta fórmula resume bastante bem o que preocupa e motiva a maior parte da equipe de perquisadores reúnidos ao redor da revista Acta Semiotica. Na presente edição, independentemente da diversidade dos campos explorados (IA, “metavers” e “multivers”, marketing, moda, turismo etc.) e apesar do que separa as duas principais problemáticas convocadas (estruturalista e interacional vs culturalista e pragmatista), uma inquietude compartilhada subtende todas as contribuições. Ela decorre da convicção de que as revoluções tecnológicas, e as profundas mudanças societais e políticas que elas ocasionam, envolvem o próprio devir do sentido. Este se encontra hoje ameaçado ao mesmo título que o devir do Sujeito, figura actancial pressuposta. Daí uma certa perplexidade : se algum dia, conforme uma orientação já claramente perceptível, a humanidade se tornasse numa coleção de não-sujeitos programados com o único fim de se programar mutuamente, a própria ideia de sentido não teria mais nenhum sentido. Considerados sob esse ângulo, os problemas — os riscos — do nosso tempo são, na raiz, de ordem semiótica. Daí o nosso engajamento enquanto semioticistas : querer entender, e tomar posição abrindo, na medida do possível, pistas de reflexão alternativas e sustentáveis, eis nossa primeira tarefa. É disso que se trata nesta edição através da análise de objetos a primeira vista heteróclitos e um tanto estranhos : um filme de sucesso, “pirotécnico”, incontrolado, esquisito, louco, repetitivo, e as incertezas que traduz ou que desperta (G. Ferraro), as inumeráveis questões que a inteligência artificial levanta até no plano das práticas cotidianas (G. Grignaffini), as últimas extravagâncias da moda (P. Sorrentino), as mais recentes astúcias do marketing para vender produtos ao fazer de conta que se constrói a sociedade (“gamification”, M. Thibault ; museificação, A. Giannitrapani ; formas ineditas de textualização, G. Ceriani e P. Peverini ; segmentação e diversificação, A. Perusset). Através desses temas esboça-se, de uma seção à outra, a figura de um cidadão contemporâneo global, consumidor de simulacros tanto quanto de mercadorias e lidando com novas solicitações em relação com linguagens e um imaginário ambos em pleno renovamento. Os fenômenos em pauta são tão recentes que a idade do obervador conta para sua interpretação. Para analisá-los de dentro, os semioticistas da jovem geração estão naturalmente prontos. A cavallo tra gioco e serietà, como escreve Paolo Sorrentino, encontram-se no seu elemento, falam a língua mesma da época. Portanto, são particularmente aptos a enfrentar o desafio teórico que as formas emergentes de sentido — e de não sentido — dirigem à nossa disciplina. Mas os veteranos, também presentes no sumário (G. Ferraro, M. Hammad, J.-P. Petitimbert, J.-D. Urbain, E. Landowski), não se contentam em seguir o movimento como espectadores mais ou menos sépticos e, às vezes, ultrapassados. Ao contrário, trazem uma contribuição útil, senão decisiva : é graças, também, a seu olhar distanciado e a seu senso crítico que a semiótica, tal como aqui concebida e praticada, ainda segue se construindo — e reconstruindo — na espera de melhor encarar as incertezas de hoje.
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