La présence perdue

Estádios vazios :
o torcer em pandemia*

Pedro Vasconcelos
Universidade Federal do Ceará
PUC-SP, Centro de Pesquisas Sociossemióticas

Publié en ligne le 4 mars 2021
https://doi.org/10.23925/2763-700X.2021n1.54175
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Introdução

O futebol de espetáculo, matriz dominante entre as versões dessa modalidade, caracteriza-se pela organização global e monopolista, a excelência performática, a intensa divisão social do trabalho e, sobretudo, a presença de público, cuja particularidade é vincular-se ao evento-jogo a partir de um referencial patêmico : o clube do coração1. Isso faz do espectador esportivo um “torcedor” — sujeito que apoia deliberadamente um dos lados em disputa e que protagoniza, nos estádios, experiências intersomáticas e intersubjetivas. Em 2020, essa configuração tradicional sofreu os impactos da pandemia. Ao longo do primeiro semestre, as principais competições acabaram suspensas ou canceladas mundo afora. Quando os campeonatos de futebol começaram a retornar com novos protocolos decorrentes das recomendações de distanciamento social, já na metade do ano, as arquibancadas tiveram de ficar vazias.


* Agradeço as contribuições ao artigo de Yvana Fechine, além de Fabiane Marroni, João Ciaco e Marcos Carvalho, respectivamente, coordenadora e integrantes do ateliê “Semiótica e Mídia na Cultura Participativa”, do Centro de Pesquisas Sociossemióticas.

1 A.S. Damo, Do Dom à Profissão. Uma etnografia do futebol espetáculo a partir da formação de jogadores no Brasil e na França, Tese, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

A resolução imediata dos clubes e das ligas foi tentar suprir tal ausência, recuperando a participação dos torcedores, agora remota, e mantendo parte da atmosfera espetacular. A nível nacional, identificamos duas ações-chave : i) confecção de “totens”2 com imagens impressas dos fãs, a quem se ofereceu a possibilidade de comprar um lugar nas arquibancadas por meio do envio de fotos posteriormente inscritas em peças de acrílico, plástico ou papelão ; de maneira adicional, utilizaram-se sons gravados das torcidas no sistema de alto-falantes ; ii) uso de videoconferência para transmitir, ao vivo, a imagem dos apoiadores em telões posicionados ao redor do campo.

2 “Totem” se refere aqui ao termo empregado por clubes de futebol em suas campanhas de marketing durante a pandemia do novo coronavírus, e não ao conceito clássico cunhado na Antropologia.

Ainda que compartilhem propósitos semelhantes, essas estratégias têm natureza distinta, como justificaremos ao longo do artigo. Nosso objetivo, assim, é identificar e descrever os modos de presença construídos em ambos os casos, considerando que existe algo no lugar do público de “carne e osso”. Vamos assumir o conceito de presença desenvolvido pela sociossemiótica e adotar como operadores analíticos duas situações interativas que explicam a dinâmica habitual das partidas de futebol e, por isso, servem de parâmetro : a relação do torcedor com seus pares e a relação do torcedor com os demais atores que frequentam as arenas (atletas, árbitros, técnicos e torcida adversária).

 

1. Notas sobre o torcer

O torcedor de futebol é produto da modernização do esporte, que teve início na segunda metade do século 19. Conforme Valter Bratch, dentro das escolas públicas inglesas, elementos corporais das classes subalternas, heterogêneos por definição, foram racionalizados e padronizados, ganhando estatuto oficial como expressão hegemônica da cultura do movimento3. Nas palavras do sociológico Pierre Bourdieu, nessa passagem, os jogos populares, produzidos pelo povo, regressaram sob forma de evento para o povo4. Houve aí uma primeira cisão entre prática e consumo, reafirmada durante o século 20 com a emergência do esporte-espetáculo. Embora hoje o futebol seja intensamente exercitado nas várzeas, nas peladas e nas escolas, apenas um pequeno número de pessoas domina técnicas específicas a ponto de ultrapassar o amadorismo e alcançar os circuitos profissionais, não só “para a satisfação de si, mas para o deleite da comunidade”5. O indivíduo integra o esporte de alto-rendimento majoritariamente enquanto público.

3 V. Bracht, Sociologia crítica do esporte : uma introdução, Ijuí, Editora Unijuí, 2005.

4 P. Bourdieu, Questões de sociologia, Lisboa, Fim do Século, 2003.

5 A.S. Damo, Para o que der e vier : o pertencimento clubístico no futebol brasileiro a partir do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e seus torcedores, Dissertação, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1998, p. 30.

No padrão brasileiro, contudo, não basta acompanhar as disputas de maneira desinteressada ; o torcedor precisa estar próximo a determinado time, como fã e integrante de uma comunidade de sentimento. Para Arlei Sander Damo, o pertencimento clubístico, que designa a principal modalidade de adesão às emoções do jogo em nosso país, promove um vínculo identitário intenso, duradouro e exclusivo6. Esse “processo gradativo de educação sentimental” costuma iniciar na infância, quando o neófito vai aprendendo a gostar de certos elementos, a cultuar ídolos do passado e do presente, a respeitar as cores da agremiação, a cantar o hino — enfim, a assimilar uma ou mais culturas torcedoras7.

6 Ibid.

7 A.S. Damo, “Paixão partilhada e participativa : o caso do futebol”, História. Questões & Debates, 57, 2012, p. 60 (https://bit.ly/2XUkJtN).

Singularidades à parte, existem dois princípios que sempre são ensinados. Primeiro, o amor eterno. Trocar de time configura tabu ; via de regra, a fidelidade está acima de tudo, não se admitindo que os laços afetivos variem de acordo com a situação. Em segundo lugar, compartilha-se a alteridade. Retomando as ideias de Damo, a paixão por um clube significa, em medida equivalente, o desdém ou o ódio pelo seu contrário : “dizer-se gremista é (...) dizer-se anti-colorado e não-flamenguista, palmeirense, santista”8. Está aí o caráter agonístico do esporte ; se um time representa as elites, o adversário simbolizará o povo ; se um é dos brancos, o oposto será dos negros.

8 A.S. Damo, Para o que der e vier, op. cit., p. 23.

A identidade e a alteridade se fortalecem o tempo todo, no dia a dia, mas majoritariamente no ritual significante do jogo de futebol :

É o momento e o lugar da permissividade, dos contatos verbais e corporais mais intensos e extremos, da subversão dos espaços, do ritmo das ruas e da ocupação dos equipamentos urbanos, trens, ônibus e metrôs : irrupção de solidariedades, preferências, vontades gerais de grupos que se identificam e se contrapõem.9

Nessas circunstâncias, o sujeito se junta a uma coletividade que vibra, grita, ameaça e sente a atmosfera do estádio e dos corpos que lá se reúnem. Nutre, também, um espírito de co-atuação e de participação direta, acreditando que as próprias condutas são capazes de modificar o resultado das partidas e o desempenho dos atores implicados.

Torcer por um clube de futebol é das atividades emocionalmente mais intensas da sociedade contemporânea e das mais pretensiosas. É imaginar poder agir à distância para que alguma coisa aconteça da forma esperada (...).Torcer supõe alterar a configuração de um evento, moldar um fato para adequá-lo ao espaço do desejo.10

A arquibancada é lugar de múltiplas performances, a nível cognitivo, patêmico e estésico, sobre as quais vale comentar. Admite-se, de início, que os apoiadores atuam conforme um pensamento estratégico. Dotados de competência modal, eles organizam seus movimentos em função dos objetivos a cumprir e do terreno a percorrer. Essa intencionalidade se figurativiza no que Damo chama de “práticas do torcer” e Luiz Henrique de Toledo denomina “falas torcedoras”11. São vaias, xingamentos, cânticos e gritos de guerra, de teor satírico, jocoso, ofensivo e grotesco que funcionam narrativamente como sanções positivas ou negativas a depender do “alvo”, podendo, ao mesmo tempo, instigar ou desmotivar ações subsequentes. Músicas de incentivo e de afirmação, por exemplo, exaltam atributos de potência e virilidade, enquanto protestos e intimidação exprimem fraqueza, não raro através de homofobia e misoginia. O importante a se reconhecer aqui é que há cálculos enunciativos, os quais podem levar da conciliação à discórdia, dentro de uma gramática das trocas cognitivas.

9 L.H. de Toledo, “Por que xingam os torcedores de futebol ?”, Cadernos de Campo, 3, 3, 1993, p. 21.

10 H. Franco Júnior, A dança dos deuses : futebol, cultura e sociedade, São Paulo, Companhia das Letras, 2007, p. 311. Apud A. dos Santos, A consolidação de um monopólio de decisões : a Rede Globo e a Transmissão do Campeonato Brasileiro de Futebol, Dissertação, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2013, p. 79.

11 A.S. Damo, “Paixão partilhada e participativa”, art. cit. ; L.H. de. Toledo, art. cit.

Porém, o torcer aciona simultaneamente sentidos estésicos, cuja existência depende da co-presença entre os actantes12. Incorporada à semiótica discursiva desde os anos 1990, a noção de “presença” designa uma modalidade de encontro na qual o contato direto, face a face, instaura sentido por si, em ato, independentemente de sistemas axiológicos predeterminados ou circulação de valores. “Não havendo como localizar na superfície das coisas as marcas de discursos inteligíveis que nos seriam direcionados, nós nos deixamos impregnar pelas qualidades sensíveis inerentes às coisas mesmas”13.

12 Cf. E. Landowski, “A carta como ato de presença”, Presenças do outro (1997), tr. port. São Paulo, Perspectiva, 2002. A.C de Oliveira, “Estesia e experiência do sentido”, Cadernos de Semiótica Aplicada, 8, 2, 2010, p. 10 (https://bit.ly/2Ccbe1w).

13 E. Landowski, “Sociossemiótica : uma teoria geral do sentido”, Galáxia, 27, 2014, p. 13 (https://bit.ly/2XIlhmm).

Essa abordagem reconhece o poder significante do corpo, sua virtude organizadora e ativa, que comunica uma espécie de sentido minimal : “O que toca então o observador, o que contamina, é a percepção do próprio princípio dinâmico daquilo que dá a ver e sentir”14. A ele compete “um fazer resultante das afetações sensoriais”15 — a “disposição para capturar efeitos de sentido oriundos das qualidades plásticas próprias aos objetos apreendidos em sua presença imediata, qualquer que seja o estatuto actorial”16.

14 E. Landowski, “Modos de presença do visível”, in A.C de Oliveira (org.), Semiótica plástica, São Paulo, Hacker, 2004, p. 109.

15 A.C de Oliveira, “Estesia e experiência do sentido”, art. cit., p. 10.

16 “Sociossemiótica”, art. cit., p.17.

De volta às circunstâncias do jogo, nessa forma de relação,

O espetáculo aparente não será mais de duas individualidades ou de dois campos bem diferenciados e que sucessivamente se fustigam, mas, antes, a unidade dialética de um só corpo a corpo, totalizando as intervenções pontuais ; não mais o espetáculo dos choques sucessivos e alternados de duas partes que conservam sua autonomia, mas o equilíbrio íntimo de seus movimentos acoplados, como se, a uma distância suficiente, a luta se tornasse uma dança.17

A estesia partilhada nas arquibancadas instaura “uma massa orgânica unida na experiência de alguma paixão”18 ; um ser vivente, que se descobre (ou se redescobre) “habitado por crenças e gostos comuns, carregado de memória, e suscetível de atrações assim como de repulsões coletivas imediatas”19. Além das estratégias possíveis, os torcedores se realizam conjuntamente e, como sublinha Yvana Fechine, interagem pela comunhão recíproca naquele espaço-tempo particular,

17 E. Landowski, A Sociedade Refletida, São Paulo, Educ/pontes, 1992, p. 180.

18 E. Landowski, Aquém ou além das estratégias, a presença contagiosa, São Paulo, Edições CPS, 2005, p. 37.

19 Presenças do outro, op. cit., p. 197.

(...) gritando em uníssono em intervalos ritmados, gesticulando, sentando e levantando ao mesmo tempo, fazendo as mesmas coreografias com uma harmonia de bailarinos ensaiados. Não importa se o sujeito não faz parte da torcida organizada de um dos times em campo, não importa nem mesmo se não conhece bem os hinos ou códigos de comportamento próprios àquele ritual, sem sequer se dar conta, num instante, ele pode ser co-movido : “contaminado” pelo sentimento do outro, tomado pela mesma emoção, levado pelo mesmo comportamento, envolvido na mesma celebração dotada de um fim em si mesmo.20

O som dos cânticos e dos instrumentos musicais, os movimentos a estremecer o estádio, a “proximidade que une os corpos-sujeitos”, tudo cria um ambiente dinâmico capaz de contagiar os actantes em relação21. Há algo que passa entre eles, e do público ao campo, estimulando ou intimidando atletas, treinadores e árbitros, apenas porque :

20 Y. Fechine, “Televisão e estesia : considerações a partir das transmissões diretas da copa do mundo”, Significação, 29, 17, 2002, p. 25.

21 Aquém ou além das estratégias, op. cit., p. 37.

Sentir o sentir do outro é, em muitos casos, já prová-lo em sua própria conta, como se, por uma espécie de performatividade da copresença sensível, a percepção das manifestações somáticas de certos estados vividos por outros tenha o poder de nos fazer experimentá-los.22

Para resumir, o ritual do jogo, que reserva aos fãs o lócus da arquibancada, é um universo potente onde se desenvolvem autênticos processos de coordenação interactancial direta e/ou mediada. Daí a importância desses atores na constituição do espetáculo, que não pode ser reduzido ao embate entre dois adversários. Trata-se principalmente de uma celebração em ato, cujo sentido se perde, pelo menos em parte, sem o público. Por conta do novo coronavírus, o futebol teve de lidar com a ausência física desse elemento diferenciador.

22 “Sociossemiótica”, art. cit., p. 17.

2. Experiências, torcida e pandemia

Em março de 2020, as maiores competições esportivas do planeta foram paralisadas após a pandemia atingir todos os continentes. No Brasil, a despeito dos elevados índices de contágio, o Campeonato Estadual do Rio de Janeiro voltou em junho e os demais, em julho ou agosto; porém, invariavelmente, sem público in loco. Times que costumavam reunir milhares de pessoas a cada partida começaram a encarar ambientes silenciosos, estáticos e incolores.

Vieram da Europa as ações pioneiras daquilo que ficou conhecido, no discurso midiático, como “torcidas virtuais” e que o futebol brasileiro tem adotado na forma de campanhas de marketing, diante da necessidade de arrecadar verbas. Com base em casos representativos de clubes nacionais, analisaremos aqui duas estratégias que buscam recuperar o efeito de presença perdido pela falta do torcedor.


2.1. Totens e sons pré-gravados

A primeira experiência é a dos totens personalizados — peças de acrílico, plástico ou papelão nas quais são inscritas imagens dos apoiadores, que precisam aderir às iniciativas e comprar esse espaço nas arenas. Cabe aos times de futebol convocá-los, como fizeram, por exemplo, Clube Atlético Mineiro, Fortaleza Esporte Clube e Clube do Remo :

O Atlético é movido pela força da Massa e se recusa a entrar em campo sem ela. Como forma de sentir o calor da torcida mesmo em jogos de portões fechados, o Galo conta [...] com bonecos personalizados de torcedores nas arquibancadas do Mineirão23.

Quando o futebol voltar, a alma do Castelão estará vazia. Vazia das cores, dos cantos, da força da torcida mais espetacular do Brasil [...]. Nos jogos do Fortaleza, sem presença de público, no Campeonato Cearense, Copa do Nordeste e Copa do Brasil, será estendido um mosaico 3D nos setores Bossa Nova e Superior Central. Nele, cada torcedor poderá ter uma foto permanente ajudando a colorir o estádio e mostrar aos nossos atletas que sempre estaremos com eles. O mosaico crescerá junto com o engajamento da torcida. Quanto mais torcedores se engajarem, maior ficará o mosaico. Além de contribuir com o clube, você, de alguma forma, estará com a gente no estádio24.

O grito, empurro e a festa das arquibancadas sempre fizeram a diferença durante os 90 minutos de jogo, mas devido à pandemia da Covid-19, este apoio será diferente no retorno aos jogos do restante da temporada, com os portões fechados. O Clube do Remo contará com a vibração do Fenômeno Azul de uma maneira inusitada [...]. O torcedor do Leão poderá garantir seu lugar na arquibancada com a venda dos totens25.

Depois de encomendadas e produzidas, as peças ficam nas arquibancadas durante alguns jogos. A Figura 1 mostra, respectivamente, ações do Remo, quando começou a instalar os totens em julho de 2020, e do Atlético Mineiro, em partida contra o América/MG no dia 02 de agosto.

23 Marque presença nos jogos do Galo com seu boneco personalizado, Clube Atlético Mineiro : https://bit.ly/2YozRzY.

24 Sempre estarei aqui : https://bit.ly/3j861I3.

25 Campanha Sempre estarei contigo. Clube do Remo : https://bit.ly/2Ejo27f.

Figura 1. Totens do Clube do Remo
(Arena Baenão – Belém/PA, https://bit.ly/3gtpd1e)
e do Atlético/MG (Estádio Mineirão – Belo Horizonte/MG, https://bit.ly/34tT9HZ).

A singularidade desses objetos, em sua dimensão plástico-figurativa, é serem configurados à semelhança do torcedor, não de maneira genérica, mas representando pessoas específicas, com correspondência no mundo social. Os clubes-enunciadores organizam a visualidade a partir do que -Marie Floch denomina iconização, processo capaz de criar efeitos de realidade26. Se adaptarmos os estudos de Algirdas J. Greimas sobre determinados estilos de pintura, ocorre aí um projeto deliberado de fazer-parecido27.

26 J.-M. Floch, “Imagens, signos, figuras. A abordagem semiótica da imagem”, Cruzeiro Semiótico, 3, 1985 ; id., Les formes de l’empreinte, Périgueux, Fanlac, 1986.

27 A.J. Greimas, “Semiótica figurativa e semiótica plástica”, Significação, 4, 1984 (https://bit.ly/3fLuwbI).

Aprofundemos agora a ideia de similaridade. Estamos diante de peças em que tudo, à exceção do matérico, aponta para uma corporeidade familiar, tão transparente e tão verídica quanto possível. O dispositivo cromático mimetiza os tons da pele humana, a que se acrescentam as cores da camisa de cada time. Os traços são inteiramente anatômicos, considerando-se tamanho, aparência e gestualidade. O recorte das silhuetas, inclusive, desenha os indivíduos.

Interessa também a localização dos totens na espacialidade das arquibancadas : posicionados sobre as cadeiras ou sobre o cimento, voltados para o campo e em postura de assistir o que acontece nele. A Figura 2 traz um novo exemplo, agora do Fortaleza, que ilustra bem tal perspectiva : enquanto o jogo se desenrola entre os atletas, a torcida de plástico “acompanha” os lances no fundo.

Figura 2. Fortaleza contra Botafogo (RJ), partida válida pelo Campeonato Brasileiro de 2020 no dia 16 de agosto. Fonte : Leonardo Moreira / Fortaleza EC.

Na tentativa de aproximar-se um pouco mais do ritual esportivo, muitos clubes se valem ainda da reprodução de sons nos alto-falantes dos estádios. Em geral, um operador contratado exclusivamente para esse fim seleciona uma série de áudios tipicamente relacionados à torcida mandante, dos mais neutros aos mais intensos. A veiculação de cada som pré-gravado depende da dinâmica da partida, com seus altos e baixos. É assim que o operador do Atlético Mineiro define o trabalho : “Eu procuro imaginar como a torcida se comportaria em cada um dos momentos do jogo para poder soltar as gravações”28.

28 M. Maoli, entrevista, O Estado de São Paulo, 5 ago. 2020 (https://bit.ly/3l8jYah).

A soma desses elementos nos autoriza a dizer que os totens, com auxílio dos áudios, são representantes do torcedor, pois o invocam e fazem advir seu simulacro. Ao operar peças que “reenviam indefinidamente a outra coisa que elas mesmas”29, os clubes emulam presenças, isto é, presentificam quem foi alijado do ambiente esportivo, tornando “visível (...) algo que estava no espaço enuncivo, fora da situação de enunciação”30. Têm-se encenações do corpo, que “remetem a seres de carne e osso postulados por trás da imagem, a corpos reais, por definição inacessíveis”31. Essa torcida substituta:

se faz presente para chamar uma presença “outra” para além da figuração que lhe dá. (...) Essa falta estruturalmente programada, não podemos esperar suprimi-la a não ser imaginariamente, por meio do consumo de outros simulacros da mesma natureza, seguindo sempre os mesmos percursos de leitura propostos como promessa de um gozo que eventualmente será real.32

Como os totens são da ordem do simulacro, eles se impõem enquanto presença simulada, que, de maneira aparentemente paradoxal, aponta para uma ausência de base. E, sobretudo pela condição de simulacro, os objetos não têm a capacidade de replicar todas as características dos indivíduos a que se referem.

29 Presenças do outro, op. cit., p. 140.

30 J.L. Fiorin, As astúcias da enunciação : as categorias de pessoa, espaço e tempo, São Paulo, Ática, 1999, p. 290.

31 Presenças do outro, op. cit., p. 140.

32 Ibid.

Pensando-se na relação original do torcedor com os demais integrantes do jogo, é plausível cogitar a manutenção de certa atmosfera ritual. As peças e os sons constituem positividades – as únicas realidades materiais associadas ao torcer que permaneceram in loco. Ao preencherem espaços, evitam, portanto, que atletas, treinadores e árbitros atuem diante de um completo vazio. Mas as potencialidades param aí ; afinal lidamos com uma distinção entre pessoa e coisa que precisa receber contornos semióticos.

O torcedor empírico, além de corpo que se dá a provar, é um sujeito de intencionalidade e de sensibilidade perceptiva, por vivenciar o mundo exterior e sentir as variações internas que afetam seu próprio estado. As peças de acrílico, plástico ou papelão não pensam e não sentem ; falta-lhes competência modal e estésica. Se muito, verifica-se uma sensibilidade reativa : reação a impulsos mecânicos ou elétricos que permite algum modo de ajustamento interactancial, porém, muito próximo a interações programadas, nas quais as condutas sempre obedecem a leis estáveis33. Basta avaliar que são incapazes de responder às modulações do jogo ; estão imunes a gols, lances inusitados, faltas violentas e erros de arbitragem — o que impede qualquer interferência direta sobre os resultados.

33 Cf. E. Landowski, Interações arriscadas (2005), tr. port. São Paulo, Estação das Letras e Cores, 2014, pp. 21-45.

Recuperando uma das configurações que Landowski descreve ao investigar o estatuto semiótico do público em espetáculos (esportivos, políticos, culturais etc.), cria-se uma distância fundamental entre atores e auditório34. As arquibancadas passam a reunir uma justaposição de espectadores abstratos, que isoladamente representam “apenas outros tantos exemplares de um tipo (...) de caráter transcendental, para não dizer fictício”35.

34 Presenças do outro, op. cit., cap. 7, “Regimes de presença e formas de popularidade”.

35 Ibid., p. 196.

O segundo tipo de relação que adotamos como operador analítico, a do torcedor com seus pares, registra fenômeno similar. De fato, os totens se posicionam lado a lado, presentes uns aos outros, mas não mantêm contato dinâmico. Diferente das situações habituais, quando desaparecem os limites entre as instâncias, é impossível admitir que organizem cálculos estratégicos conforme as circunstâncias, que integrem coletividades em torno de um ideal e que se contagiem pelo sentimento de estar juntos. Pelo contrário : mantêm feição individualista, figurando, no máximo, como totalidade partitiva — cada um no seu assento — sem que formem um corpo orgânico e integral. São, para resumir, objetos estáticos, uma espécie de presença morta. Essa experiência de ocupação exclui a oportunidade de interações em ato — práticas discursivas que emergem no se fazendo de uma situação única36. Até a reprodução de sons da torcida, escolhidos enquanto as disputas se desenrolam, tem efeito residual devido ao caráter pré-gravado dos áudios.

36 Y. Fechine, Televisão e presença. Uma abordagem semiótica da transmissão direta, São Paulo, Estação das Letras e Cores, 2008.

Ao contrário, ao passarmos à outra forma de ação sob responsabilidade dos clubes durante a pandemia, a existência de uma temporalidade comum vai constituir o principal elemento definidor, que ajuda a distinguir ambas as iniciativas.

 

2.2. Telões em transmissão ao vivo

Além dos totens, alguns estádios utilizam telões para transmitir, ao vivo, em uma espécie de mosaico, a imagem dos fãs torcendo desde o ambiente doméstico. A ideia veio da Europa, fez sucesso na Liga Norte-Americana de Basquete (NBA) e chegou ao futebol brasileiro pelo Sport Club Corinthians Paulista37, que nos servirá de exemplo (Fig. 3).

Figura 3. Telão do Corinthians em partida contra o Fortaleza, na Neo Química Arena (26/08/2020). Fonte : Perfil do Programa Fiel Torcedor no Instagram (https://bit.ly/3n4Efhs).

Durante as partidas em casa, o time aciona três telões posicionados ao redor do campo. O maior deles, de 100m², foi instalado exclusivamente para a campanha. Na hora do jogo, a área é preenchida por centenas de apoiadores38, com suas sonoridades, expressões e gestos síncronos. A fim de estabelecer protocolos, o Corinthians criou um código de conduta, obrigando o uso de camisas da agremiação e proibindo “linguajar inapropriado”39.

O que interessa neste caso, e o diferencia do anterior, é a concomitância das performances : atletas, corpo técnico, arbitragem e torcedores atuam — e se veem — na mesma duração, ao longo da qual o conteúdo se organiza. Nela, o próprio tempo assume estrutura significante, e as relações vão se definindo processualmente. Tem-se uma forma em aberto que dá lugar a instabilidades e oscilações.

37 O Corinthians é um clube paulistano fundado em 1910. Conquistou a Copa Libertadores da América em 2012, foi campeão brasileiro 7 vezes e venceu o Campeonato Paulista em 30 oportunidades.



















38 Estima-se que os telões do Corinthians possam receber até 5 mil torcedores simultaneamente. Mas, para participar, precisa-se estar associado a algum dos planos de fidelidade do clube.

39 Corinthians proíbe verde... ESPN Brasil, São Paulo, 18 ago. 2020 (https://bit.ly/35axvII).

A partir das pesquisas de Yvana Fechine sobre transmissões diretas, cabe postular a produção de um sentido de espacialidade implícito à concomitância temporal, que, “ao colocar todos os participantes em um mesmo agora, transforma as suas distintas posições espaciais físicas em um mesmo aqui40. E mais : “é no tempo, portanto, que se constrói, virtualmente, o espaço discursivo do encontro”41. Diante da disjunção básica decorrente da distância física, onde se localizaria esse campo que permite interações, e não tem correspondência no mundo natural ? Ou, como questiona Fechine, “qual é a natureza desse espaço que, semioticamente, reúne as instâncias de produção e de recepção quando, empiricamente, elas só podem estar, graças à mediação técnica que as institui, separadas ?”42. Trata-se, segundo a autora, de um lugar simbolicamente criado pela relação que se estabelece no presente da enunciação entre sujeitos que ocupam as posições A e B, mas “participam de uma atividade comum em um tempo específico e compartilhado”43. É, enfim, uma esfera de interlocução definida por uma situação comunicativa.

O esforço para se neutralizar as distâncias temporais e espaciais tem como resultado a instauração de um efeito de contato. Assim, aqueles que se encontram no estádio de futebol e os torcedores das salas virtuais experimentam um tipo de copresença. Estes, embora diante de telas, passam a outro ambiente, que não é mais o seu cotidiano, nem a arquibancada propriamente dita, e sim um lugar intersubjetivo de acesso direto.

40 Televisão e presença, op. cit., p. 136. Os grifos são da autora.

41 Ibid., p. 193.

42 Ibid., p. 135.

43 Ibid.

Lidamos agora com interações vivas, aproximando indivíduos que partilham uma só duração. Os lances do jogo afetam imediatamente quem os acompanha de casa, a exemplo do que costuma ocorrer quando há veiculação direta pelo rádio ou pela televisão. A diferença, com os telões, é que as respostas do público retornam ao campo, incidem sobre o evento e incrementam, em parte, o sentido de participação.

A concomitância também sustenta a relação dos torcedores entre si, pois, além de estarem na mesma temporalidade da partida e de seus protagonistas, eles a acompanham todos juntos, simultaneamente. Constitui-se uma comunidade imaginária a partir do sentimento de que algo se atualiza neste instante tanto aqui quanto lá : “eu vejo o que os outros estão vendo no momento em que estão vendo”44. Ao analisar as transmissões televisivas da Copa do Mundo de 2002, Y. Fechine defende que esse modo de contato é capaz de gerar sentidos estésicos, apesar de não ser estritamente somático. Isso ocorre porque a assistência compartilhada em torno de uma representação possibilita um sentir junto, que deriva para um ser junto — nesse caso, ser apoiador, com as emoções e as dificuldades correspondentes.

44 Ibid., p. 14.

Logo, a experiência do telão melhor se aproxima do espetáculo esportivo tradicional ; por situar os indivíduos naquele espaço-tempo, menos como encenações inacessíveis do corpo e mais como potência em ato, ela os reúne na sua face de totalidade integral, sensível e volitiva, similar à que se configura habitualmente.

3. Reconfigurações e permanências

Para concluir, nosso objetivo é localizar ambas as iniciativas já caracterizadas em uma sintaxe mais ampla de ocupação / desocupação dos estádios e presença / ausência de público. Comecemos pela oposição entre os cenários que parecem os mais extremos : por um lado, arenas com capacidade total e ampla participação in loco de torcedores ; por outro, portões fechados à força de alguma contingência e arquibancadas completamente vazias, sem campanhas de substituição.

Possível antes da pandemia, o primeiro caso permite que apareçam os regimes de presença e de interação esboçados no Tópico 2 : ao longo do ritual significante do jogo, os sujeitos estão presentes de “corpo e alma”, afetando quem fica ao seu lado e quem trabalha no campo. A todo instante, desenvolvem-se múltiplas performances, sobretudo aquelas que apelam à ação somática, graças a qual existe contágio (no sentido semiótico) recíproco.

Em contrapartida, o cenário oposto não traz qualquer traço possível de presença: na falta da torcida, afastada pelas medidas de distanciamento social, e de seus substitutos providenciados pelos clubes, é como se a partida de futebol acabasse após as quatro linhas, com pouco para ver, ouvir ou sentir além disso.

A partir dessa categoria fundamental, sugerimos dispor as duas configurações do torcer que nasceram durante a pandemia, e que analisamos aqui, como termos intermediários, no eixo dos subcontrários, em um quadrado semiótico :

 

Configurações do torcer durante a pandemia.

Como mostra o diagrama, a existência dos telões nega a posição “falta de público / estádios vazios”, uma vez que coloca o apoiador, de forma mediada, mas em si, dentro desses espaços. Simultaneamente, tende ao arranjo tradicional por compartilhar com ele uma qualidade básica, identificada na dêixis positiva : o caráter vivo das condutas. Tanto nas arquibancadas quanto nas “salas” virtuais, os fãs, suspensos “às reações abertas de uma competência”45, coordenam dinâmicas que se desenvolvem em situação e criam sentidos inéditos.

45 Interações arriscadas, op. cit., p. 49.

Importante, porém, ressaltar a principal diferença entre as duas iniciativas localizadas à esquerda do quadrado. O processo de aproximar os indivíduos através de telas possibilita algum contato interactancial no decorrer dos jogos, mas também causa limitações. As arquibancadas estão intimamente associadas à expressão de corporeidades que se encontram e se ajustam — um efeito difícil de reconstruir em face de distâncias propriamente físicas.

Passando ao lado direito, a experiência dos totens se afasta das configurações precedentes, pois a estaticidade substitui a dinamicidade. Forjados à semelhança de seus compradores, os simulacros buscam representá-los em anatomias familiares. Contudo, sem recuperar a vibração e o movimento dos indivíduos a que se referem, ficam reduzidos à natureza morta, como “torcedores” que não torcem. O que lhes impede de assumir a posição “estádio vazio” no diagrama é o efeito de volume criado por sua simples presença. Ainda que os totens sejam “quase nada” ou “apenas uma coisa”46, cabe a eles, e apenas a eles, preencher momentaneamente o espaço físico do torcedor.

De um ponto de vista geral, o que tem acontecido no âmbito esportivo projeta um novo momento, com repercussões sobre as formas de sociabilidade cotidiana. Para parte da população, a pandemia tornou tudo ainda mais remoto : lazer, estudo, trabalho. Até uma atividade historicamente atrelada à pulsão somática, como o torcer, ganhou versões diferidas. Parece-nos, portanto, uma problemática que pede atenção semiótica, em especial quando o debate aponta para a complexificação dos modos de presença e para novos regimes de significância.

46 Presenças do outro, op. cit., p. 176.

Obras citadas

Bourdieu, Pierre, Questões de sociologia, Lisboa, Fim do Século, 2003.

Bracht, Valter, Sociologia crítica do esporte : uma introdução, Ijuí, Editora Unijuí, 2005.

Damo, Arlei Sander, Para o que der e vier : o pertencimento clubístico no futebol brasileiro a partir do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e seus torcedores, Dissertação, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1998.

Do Dom à Profissão : uma etnografia do futebol espetáculo a partir da formação de jogadores no Brasil e na França, Tese, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

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Santos, Anderson dos, A consolidação de um monopólio de decisões. a Rede Globo e a Transmissão do Campeonato Brasileiro de Futebol, Dissertação, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2013.

Toledo, Luiz Henrique de, “Por que xingam os torcedores de futebol ?”, Cadernos de Campo, 3, 3, 1993.

 

* Agradeço as contribuições ao artigo de Yvana Fechine, além de Fabiane Marroni, João Ciaco e Marcos Carvalho, respectivamente, coordenadora e integrantes do ateliê “Semiótica e Mídia na Cultura Participativa”, do Centro de Pesquisas Sociossemióticas.

1A.S. Damo, Do Dom à Profissão. Uma etnografia do futebol espetáculo a partir da formação de jogadores no Brasil e na França, Tese, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

2 “Totem” se refere aqui ao termo empregado por clubes de futebol em suas campanhas de marketing durante a pandemia do novo coronavírus, e não ao conceito clássico cunhado na Antropologia.

3 V. Bracht, Sociologia crítica do esporte : uma introdução, Ijuí, Editora Unijuí, 2005.

4 P. Bourdieu, Questões de sociologia, Lisboa, Fim do Século, 2003.

5 A.S. Damo, Para o que der e vier : o pertencimento clubístico no futebol brasileiro a partir do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e seus torcedores, Dissertação, Programa de Pós-graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1998, p. 30.

6 Ibid.

7 A.S. Damo, “Paixão partilhada e participativa : o caso do futebol”, História. Questões & Debates, 57, 2012, p. 60 (https://bit.ly/2XUkJtN).

8 A.S. Damo, Para o que der e vier, op. cit., p. 23.

9 L.H. de Toledo, “Por que xingam os torcedores de futebol ?”, Cadernos de Campo, 3, 3, 1993, p. 21.

10 H. Franco Júnior, A dança dos deuses : futebol, cultura e sociedade, São Paulo, Companhia das Letras, 2007, p. 311. Apud A. dos Santos, A consolidação de um monopólio de decisões : a Rede Globo e a Transmissão do Campeonato Brasileiro de Futebol, Dissertação, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2013, p. 79.

11 A.S. Damo, “Paixão partilhada e participativa”, art. cit. ; L.H. de. Toledo, art. cit.

12 Cf. E. Landowski, “A carta como ato de presença”, Presenças do outro (1997), tr. port. São Paulo, Perspectiva, 2002. A.C de Oliveira, “Estesia e experiência do sentido”, Cadernos de Semiótica Aplicada, 8, 2, 2010, p. 10 (https://bit.ly/2Ccbe1w).

13 E. Landowski, “Sociossemiótica : uma teoria geral do sentido”, Galáxia, 27, 2014, p. 13 (https://bit.ly/2XIlhmm).

14 E. Landowski, “Modos de presença do visível”, in A.C de Oliveira (org.), Semiótica plástica, São Paulo, Hacker, 2004, p. 109.

15 A.C de Oliveira, “Estesia e experiência do sentido”, art. cit., p. 10.

16 “Sociossemiótica”, art. cit., p.17.

17 E. Landowski, A Sociedade Refletida, São Paulo, Educ/pontes, 1992, p. 180.

18 E. Landowski, Aquém ou além das estratégias, a presença contagiosa, São Paulo, Edições CPS, 2005, p. 37.

19 Presenças do outro, op. cit., p. 197.

20 Y. Fechine, “Televisão e estesia : considerações a partir das transmissões diretas da copa do mundo”, Significação, 29, 17, 2002, p. 25.

21 Aquém ou além das estratégias, op. cit., p. 37.

22 “Sociossemiótica”, art. cit., p. 17.

23 Marque presença nos jogos do Galo com seu boneco personalizado, Clube Atlético Mineiro : https://bit.ly/2YozRzY

24 Sempre estarei aqui : .

25 Campanha Sempre estarei contigo. Clube do Remo : https://bit.ly/2Ejo27f.

26 J.-M. Floch, “Imagens, signos, figuras. A abordagem semiótica da imagem”, Cruzeiro Semiótico, 3, 1985 ; id., Les formes de l’empreinte, Périgueux, Fanlac, 1986.

27 A.J. Greimas, “Semiótica figurativa e semiótica plástica”, Significação, 4, 1984 (https://bit.ly/3fLuwbI).

28 M. Maoli, entrevista, O Estado de São Paulo, 5 ago. 2020 (https://bit.ly/3l8jYah).

29 Presenças do outro, op. cit., p. 140.

30 J.L. Fiorin, As astúcias da enunciação : as categorias de pessoa, espaço e tempo, São Paulo, Ática, 1999, p. 290.

31 Presenças do outro, op. cit., p. 140.

32 Ibid.

33 Cf. E. Landowski, Interações arriscadas (2005), tr. port. São Paulo, Estação das Letras e Cores, 2014, pp. 21-45.

34 Presenças do outro, op. cit., cap. 7, “Regimes de presença e formas de popularidade”.

35 Ibid., p. 196.

36 Y. Fechine, Televisão e presença. Uma abordagem semiótica da transmissão direta, São Paulo, Estação das Letras e Cores, 2008.

37 O Corinthians é um clube paulistano fundado em 1910. Conquistou a Copa Libertadores da América em 2012, foi campeão brasileiro 7 vezes e venceu o Campeonato Paulista em 30 oportunidades.

38 Estima-se que os telões do Corinthians possam receber até 5 mil torcedores simultaneamente. Mas, para participar, precisa-se estar associado a algum dos planos de fidelidade do clube.

39 Corinthians proíbe verde... ESPN Brasil, São Paulo, 18 ago. 2020 (https://bit.ly/35axvII).

40 Televisão e presença, op. cit., p. 136. Os grifos são da autora.

41 Ibid., p. 193.

42 Ibid., p. 135.

43 Ibid.

44 Ibid., p. 14.

45 Interações arriscadas, op. cit., p. 49.

46 Presenças do outro, op. cit., p. 176.

 

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Palavras chave : concomitância, espetáculo, presença, público, sentido estésico, totalidade integral / partitiva.

Mots clefs : concomitance, présence, public, sens esthésique, spectacle, totalité intégrale / partitive.

Autores citados : Arlei S. Damo, Yvana Fechine, Jose Luiz Fiorin, Jean-Marie Floch, Algirdas J. Greimas, Eric Landowski, Ana Cláudia de Oliveira, Anderson dos Santos.


Plan :

Introdução

1. Notas sobre o torcer

2. Experiências, torcida e pandemia

2.1. Totens e sons pré-gravados

2.2. Telões em transmissão ao vivo

3. Reconfigurações e permanências

 

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